Esportes, Italianidade

Técnicos Italianos no Brasil

Carlo Ancelotti, técnico de futebol de origem italiana, pode ser o novo técnico da seleção brasileira de futebol, segundo o que se especula em alguns veículos de imprensa. 

Um técnico peninsular dirigindo seleções e clubes sul-americanos não é uma novidade. Os selecionados da Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai e Venezuela já foram conduzidos por treinadores de origem italiana.

Em clubes brasileiros, Palmeiras-SP, Juventus-SP, Corinthians-SP, Santos-SP, Portuguesa de Desportos-SP, Guarani de Campinas-SP, Ferroviária de Araraquara-SP, Silex-SP, Ypiranga-SP e Nacional-SP também tiveram italianos no comando de suas equipes.

Segue uma breve descrição da passagem dos treinadores italianos nas seleções da América do Sul e nos clubes brasileiros:

Seleções Sul-Americanas

Carlo Ancelotti. Origem: Reggiolo-Emilia Romagna
(Seleção Brasileira)

A seleção brasileira será a primeira experiência como técnico de uma equipe nacional. Entretanto, esteve na comissão técnica de Arrigo Sacchi na Copa do Mundo de 1994, quando a Italia ficou com o vice-campeonato do torneio perdendo nos pênaltis para o Brasil na grande decisão. Atuou como auxiliar técnico da Italia entre 1992 a 1995.

Quanto a sua atuação em clubes, dispensa comentários e apresentação. De 1995 até hoje, comandou as principais equipes da Europa e conquistou todos os títulos possíveis em nível nacional, continental e intercontinental.

Renato Cesarini. Origem: Senigalia-Marche
(Seleção Argentina entre 1967 e 1968)

Como atleta, nos anos 30, ficou conhecido por marcar gols nos minutos finais das partidas, tanto que virou até uma expressão popular naquela época. Cada gol que marcavam no final dos jogos era identificado como um tento anotado na “Zona Cesarini”.  Ainda como jogador, defendeu as seleções da Italia e da Argentina.

Após passagens como técnico pelo River Plate, Banfield, Boca Juniors e Juventus-ITA, Cesarini assumiu a seleção argentina por 5 jogos em 1967 e 1968, vindo a falecer no ano seguinte. Entre todos os seus trabalhos, a máquina do River Plate-ARG nos anos 40 é talvez o mais celebrado e marcante em sua trajetória. Virou nome de uma escola de futebol de base na cidade de Rosario na Argentina.

Felipe Pascucci. Origem: Genoa-Liguria
(Seleção Argentina na Copa do Mundo de 1934)

Foi o comandante da seleção argentina na disputa da Copa do Mundo de 1934, realizada na Itália. A participação dos argentinos se resumiu a apenas uma partida. Uma derrota para a Suécia pelo placar de 3 a 2, na cidade de Bologna, foi a única oportunidade de Pascucci como treinador do selecionado. Por clubes, teve passagens por equipes de expressão como River Plate e Genoa.

Mario Pretto. Origem: Schio-Veneto
(Seleção Boliviana na Copa do Mundo de 1950)

Iniciou sua trajetória como treinador na equipe do Litoral-BOL no ano de 1949. Em 1950 foi convidado para comandar a seleção boliviana na disputa da Copa do Mundo, realizada no Brasil, na segunda participação da história daquele país na maior competição do futebol. Sua participação se resumiu a uma partida contra o Uruguai, quando os bolivianos foram goleados pelo placar de 8 a 0 pelo Uruguai, no estádio Independência, em Belo Horizonte. Esse foi o placar mais dilatado daquela edição do torneio, que terminou com os uruguaios como campeões.

Mario, em setembro de 1957 treinou o Guarani de Campinas na Série Branca do Campeonato Paulista até janeiro de 1958. Teve uma segunda passagem pelo Bugre campineiro em setembro de 1958, além de ter orientado a equipe chilena do Audax Italiano nos anos 50.

Cesar Vicino. Origem: desconhecida
(Seleção Boliviana no Sul-Americano de 1953)

Foi o comandante dos bolivianos na Copa América de 1953, realizada em Lima, no Peru. No torneio, foram seis jogos, uma vitória, um empate, quatro derrotas, seis gols marcados e 15 gols sofridos, terminando na sexta colocação.

Giuseppe Rossetti. Origem: Spezia-Liguria
(Seleção Chilena em 1926)

Primeiro europeu a comandar a seleção chilena, Rossetti foi convidado a comandar o time nacional daquele país na disputa do Campeonato Sul-Americano de 1926 que foi realizado em Santiago, capital do Chile, quando ainda era meio campista do Audax Italiano.

Tendo como auxiliar técnico Marcos Vera, que era professor de educação física e treinador de Atletismo, conseguiu levar a equipe a terceira colocação do torneio obtendo a mesma campanha da vice-campeã Argentina, perdendo apenas no critério de desempate (11 gols de saldo para os argentinos contra 8 gols de saldo dos chilenos). Essa, até então, foi a melhor colocação do Chile na história do torneio até 1955, quando eles chegaram à final e ficaram com o vice-campeonato. Posteriormente, o Chile sagrou-se bicampeão em 2015  e 2016.

Em quatro jogos no comando da seleção chilena, obteve 2 vitórias, 1 empate e 1 derrota, com destaques para a goleada por 7 a 1 contra a Bolivia e 5 a 1 contra o Paraguai e um empate em 1 a 1 contra a Argentina. 

Cesare Maldini. Origem: Trieste-Friuli Veneza Giulia
(Seleção Paraguaia na Copa do Mundo de 2002)

Cesare Maldini assumiu oficialmente o comando da seleção paraguaia de futebol, visando a Copa do Mundo da Coreia do Sul e Japão no dia 4 de fevereiro de 2002.

O técnico e ex-jogador da “azzurra” teve como seu auxiliar o italiano Giuseppe Dossena e o argentino Gabriel Macaya, preparador físico. Sua estreia aconteceu no dia 13 de fevereiro, no amistoso contra a Bolívia em Ciudad del Este, no empate em 2 a 2.

No Mundial, o Paraguai esteve no Grupo B. Na estreia empatou em 2 a 2 contra a Africa do Sul. Na segunda partida, derrota por 3 a 1 para a Espanha. No terceiro jogo da primeira fase vitória por 3 a 1 contra a Eslovênia, obtendo a classificação para as oitavas de final. Nessa fase foi superado pela Alemanha pelo placar de 1 a 0, se despedindo do torneio para a equipe que seria a vice-campeã do mundo, ao ser derrotada pelo Brasil na grande final.

Maldini, até então, igualava a melhor classificação paraguaia em Copas. Somente em 2010 que o selecionado paraguaio obteve desempenho superior ao avançar até as quartas de final. Em 15 de junho de 2002 ele deixou o Paraguai e encerrou a sua carreira como técnico. Na seleção guarani comandou 8 partidas, com 2 vitórias, 3 empates e 3 derrotas.

Vessilio Bartoli. Origem: Vado Ligure-Liguria
(Seleção Paraguaia na Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1954)

Campeão Paraguaio como técnico do Sportivo Luqueno em 1951 e 1953, Bartoli foi convidado a comandar a seleção paraguaia nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 1954. A América do Sul tinha apenas uma vaga que seria disputada num quadrangular entre Brasil, Paraguai, Chile e Peru, em jogos de turno e returno. Os peruanos desistiram de participar. Em quatro jogos, Bartoli conseguiu duas vitórias contra os chilenos (4 a 0 e 3 a 1) e duas derrotas contra a seleção brasileira (1 a 0 e 4 a 1), não obtendo a vaga para o torneio mundial que ficou com o Brasil que venceu todos os seus quatro jogos.

Vittorio Godigna. Origem: Pola-Friuli Veneza Giulia (cidade que atualmente é território Croata)
(Seleção Venezuelana em 1938)

Primeiro treinador da história da seleção de futebol vinho tinto. Comandou a equipe na primeira partida da Venezuela diante do Panamá em 12 de junho de 1938, sendo derrotado pelo placar de 3 a 1. Dirigiu o selecionado em nove partidas com duas vitórias e sete derrotas.

Técnicos italianos nos clubes brasileiros

Sociedade Esportiva Palmeiras

A Sociedade Esportiva Palmeiras é o clube brasileiro que ostenta o maior número de técnicos de origem italiana. São nove peninsulares que comandaram o Verdão ao longo do tempo:

Ludovico Bacchiani (1916 a 1917);
Ardelio Guidi (1917 a 1918);
Giuseppe Longobardi (1919);
Adriano Merlo (1920; 1923; 1926 e 1929);
Attilio Fresia (1921);
Dante Vagnotti (1922; 1925 e 1927);
Italo Bosetti (1924; 1931 e 1932);
Renzo Mangiante (1926 e 1927);
Caetano De Domenico (1940 a 1941).

Renzo Mangiante e Caetano De Domenico foram campeões paulistas em suas passagens pelo clube alviverde. Mangiante em 1926 e De Domenico em 1940.

Clube Atlético Juventus

Foram três técnicos italianos que dirigiram o tradicional clube da Mooca:

Mario Rossini (1953);
Ivo Tezzi (1954);
Libero Golinelli (1959 e 1960).

Rossini foi o técnico na célebre excursão juventina pela Europa, que ficou marcada pelas primeiras partidas internacionais na história do Moleque Travesso. Rossini foi assistente técnico do também italiano Vessillo Bartoli técnico da Seleção do Paraguai em 1954.

Sport Club Corinthians Paulista

O time do Parque São Jorge teve três italianos no comando do futebol alvinegro:

Guido Giacomelli (1921 a 1925);
Angelo Rocco (1926 a 1927; 1928 a 1929 e 1938);
VirgÍlio Montarini (1929 a 1931).

Todos os três técnicos italianos na história do clube tiveram passagens vencedoras: Giacomelli foi tricampeão paulista em 1922, 1923 e 1924, Rocco foi bicampeão paulista em 1928 e 1929, Montarini foi campeão paulista em 1930.

Santos Futebol Clube

O Peixe teve a presença de dois técnicos peninsulares. Foram eles:

Caetano De Domenico (1934 a 1935 e 1950);
Giuseppe Ottina (1954).

De Domenico iniciou o trabalho que culminaria com a primeira conquista da história do alvinegro praiano em 1935. Ottina teve o mérito de dar as primeiras oportunidades a Pepe e Pelé, entre outros craques.

Associação Portuguesa de Desportos

Caetano De Domenico (1949)

Clube Atlético Ypiranga

Caetano De Domenico (1948)

Campeão do Torneio Início do Campeonato Paulista de 1948

Nacional Atlético Clube

Caetano De Domenico (1936 a 1939 e 1942 a 1943)

Campeão do Torneio Início do Campeonato Paulista de 1943

Clube Atlético Sílex

Caetano De Domenico (1924 a 1928)

Campeão Paulista da Segunda Divisão em 1925 e Campeão Paulista da Primeira Divisão em 1928.

Associação Ferroviária de Esportes

Caetano De Domenico (1953 a 1954)

Guarani Futebol Clube

Mario Pretto (1957 e 1958)

Carlo Ancelotti, técnico italiano que atualmente comanda o Real Madrid, deve assumir a seleção brasileira
Padrão

Deixe um comentário