Um dos princípios formadores da Società Sportiva Palestra Italia (atual Sociedade Esportiva Palmeiras) em 1914 sempre foi dar dignidade ao imigrante italiano através das práticas esportivas. Esse valor está engendrado no íntimo dos palmeirenses nesse mais de um século de sua existência e se renova de tempos em tempos.
O mutuo socorro, beneficência e assistencialismo aos mais necessitados já era uma prática comum do povo italiano que se estabeleceu no Brasil, desde a primeira associação do gênero no país fundada em 1836 por Giuseppe Garibaldi denominada como “Italia Unita”.
Em grandes dramas e dores, o Alviverde e sua gente sempre marcaram presença ao promover solidariedade e ajuda a quem foi desfavorecido.
Lembramos alguns dos principais acontecimentos em que a Sociedade Esportiva Palmeiras prestou a sua contribuição e voluntarismo ao próximo:
1915 – Primeira Guerra Mundial
Do velho continente chegavam as convocações para os italianos aqui residentes a fim de se apresentarem e se incorporarem às forças aliadas na Primeira Grande Guerra Mundial. Dezenas e dezenas de palestrinos e ítalo-brasileiros embarcaram para a luta. Um dos primeiros foi o próprio presidente do recém-criado clube, Augusto Vaccari, que veio a falecer no conflito. Os italianos que aqui ficavam, auxiliavam, na medida do possível, as entidades assistenciais, como a Cruz Vermelha Italiana e o Comitato Pró-Pátria, contribuindo financeiramente com essas organizações.
Por toda a sua ajuda, o Palestra Itália foi como sócio perpétuo da “Cruz Vermelha Italiana” em 1917 após arrecadação de verbas para a construção da sede dessa entidade em Roma na Itália.
1918 – Gripe Espanhola
Em 20 de outubro de 1918, uma hora antes de serem iniciadas as partidas da rodada do Campeonato Paulista de 1918, com os estádios tomados pelos torcedores, agentes sanitários ali chegaram para impedir a realização dos jogos, exigindo que não se formasse concentração de público, por causa da “Influenza Hespanhola”, que já se alastrava em solo brasileiro e paulista.
Por conta disso, houve interrupção por dois meses dos jogos oficiais, sendo retomada as partidas em dezembro daquele ano.
Clubes como o Palestra Italia abriram as suas sedes para que se transformassem em leitos de tratamento para os enfermos. No caso palestrino, foram abertas 30 vagas na antiga sala social do clube localizada na rua Líbero Badaró. Os atendimentos aconteceram com a anuência e apoio dos médicos da Cruz Vermelha Brasileira. Além disso o alviverde doou durante três meses para os órgãos de saúde a quantia de 500 mil réis mensais para outros custeios necessários.
Dos 20 locais de tratamento sob a supervisão da Cruz Vermelha Brasileira, o Posto Hospitalar Palestra Italia foi o terceiro que mais recebeu enfermos (atrás apenas da sede da própria entidade e do Posto da Comunidade Syria de São Paulo), segundo relatório da própria entidade publicado em fevereiro de 1919.
1928 – Vítimas das enchentes de Santos
Em 1928 o Palestra Italia realizou jogo de futebol cujo a renda foi revertida em benefício das vítimas da “catástrofe de Santos”, como ficou lembrado o episódio, onde as fortes chuvas desabrigaram centenas de famílias na região litorânea do Estado Paulista.
1944- Vítimas da Cantareira
Em 25 de março de 1944 ocorreu um acidente com o Trem da Cantareira, antiga linha férrea na Zona Norte da cidade de São Paulo. O descarrilhamento ocorreu a pouco mais de 400 metros da Estação Tucuruvi, sentido Guarulhos e deixou um saldo de mais de cem morto. O Palestra Italia realizou um jogo com renda revertida em benefício às vítimas do desastre da Cantareira.
1949 – Desastre de Superga – Torino
Em 4 de maio de 1949, os jogadores do Torino sofreram um trágico acidente aéreo, quando o avião em que eles estavam chocou-se contra a Basílica de Superga, em Turim, ao retornarem de excursão a Portugal. Em meio a toda comoção, o Torino foi declarado campeão do país naquela temporada. A equipe era a base da seleção italiana.
Em São Paulo, a comunidade italiana organizou missa e decretou luto oficial. O Palmeiras organizou arrecadação de dinheiro e fundos para as famílias dos atletas e criou a modalidade de “Sócios Simbólicos do Torino A.C.”, como forma de auxiliá-los na reconstrução material do clube.
1958 – Desastre de Munique – Manchester United
Em 6 de fevereiro de 1958, o avião que transportava a equipe inglesa do Manchester United caiu ao tentar decolar no aeroporto de Munique, na Alemanha.
Uma semana após o fatídico acidente, a diretoria do Palmeiras antes da partida amistosa contra o América de São José do Rio Preto, no estádio Palestra Italia, fez uma série de homenagens as vítimas da tragédia, estendeu a bandeira britânica, ofereceu auxilio e solidariedade ao vice-cônsul inglês em São Paulo, Sr. R.J. Bray e destinou parte da renda auferida no jogo.
1972 – Incêndio do edifício Andraus
Em 1972, o edifício Andraus, no centro da cidade de São Paulo, pegou fogo. Durante os resgates, o gramado do estádio Palestra Itália foi usado para o pouso de helicópteros que faziam o resgate das vítimas e o departamento médico do clube ficou à disposição para tratar os feridos. Um dos resgatados foi o próprio presidente do clube Paschoal Walter Byron Giuliano, que escapou por uma ponte improvisada entre o 12º andar do prédio em chamas e o Palladium, bem ao lado.
1987 – Desastre no Peru – Alianza Lima
Em 8 de dezembro de 1987, a aeronave da equipe peruana do Alianza Lima caiu no mar, quando retornava de uma partida do Campeonato Peruano, o qual era líder, antes do acidente.
Aqui no Brasil, o então diretor de futebol do Palmeiras, Januário D´Alessio, liderou um movimento em solidariedade às vítimas junto ao Clube dos 13, em prol de arrecadar fundos para a reconstrução da equipe.
2011 – Tsunami no Japão
Em março de 2011, um terremoto atingiu a costa do Japão, gerando tsunami e vitimando centenas de pessoas e provocando destruição. O tremor de magnitude 8,9 foi o maior do país e o 7º maior da história.
Na ocasião, a Sociedade Esportiva Palmeiras se solidarizou a cinco entidades nipo-brasileiras que promoveram uma campanha de Arrecadação às Vítimas do Terremoto no Japão. Foram elas: Sociedade Brasileiras de Cultura Japonesa e de Assistência Social Bunkyo, Beneficência Nipo-Brasileira de São Paulo, Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil, Câmara de Comércio e Indústria Japonesa do Brasil e Aliança Cultural Brasil-Japão.
2017 – Desastre na Colômbia – Chapecoense
Em 28 de novembro, o avião com os jogadores da Chapecoense sofreu um acidente fatal na Colômbia.
A Sociedade Esportiva Palmeiras foi um dos clubes mais solidários com os catarinenses após a tragédia. O Verdão promoveu um amistoso para reverter fundos para as famílias das vítimas, além de apoio administrativo, jurídico e a cessão de três atletas à Chape, com salários pagos: João Pedro, Nathan e Amaral.
2020 – Pandemia Covid-19
Durante a terrível pandemia da Covid-19, o Alviverde manteve um olhar humano e solidário promovendo auxílio aos mais vulneráveis e a sociedade.
Nesse período, fez a doação de cobertores produzidos com reciclagem de uniformes antigos; Campanha do agasalho junto à Cruz Vermelha Brasileira; Campanha de arrecadação de alimentos contra a fome em parceria com a CUFA; Cessão de suas dependências para a campanha de vacinação contra Covid-19 e Gripe Influenza; Arrecadação de brinquedos para as comunidades carentes; Campanha de doação de sangue para os bancos de saúde; Doação de toda renda obtida em eventos-teste à Pastoral do Menor; Consulados palmeirenses no Brasil e no mundo arrecadando alimentos, máscaras de proteção, álcool em gel, camas hospitalares, ajuda financeira a profissionais de saúde, roupas, sapatos, produtos de higiene e cilindros de oxigênio; Manutenção do emprego de funcionários durante a pandemia, ao redor de 800 famílias, entre outras ações.
2024 – Enchentes no Rio Grande do Sul
No início de maio desse ano o Estado Gaúcho sofreu (e ainda sofre) a maior catástrofe natural já registrada até então, por meio de enchentes e inundações.
Diante desse ocorrido, o Palmeiras prontamente disponibilizou suas infraestruturas para Grêmio, Internacional e Juventude para alojamento, treinamentos e jogos, se assim desejarem.
Nas partidas contra o Liverpool-URU, em Montevidéu (URU), pela fase de grupos da Conmebol Libertadores, e diante do Athletico-PR, em Barueri, pelo Brasileirão, as camisas dos jogadores do Verdão terão estampado um QR Code, a fim de divulgar a campanha de doações realizada pela ONG Ação da Cidadania.
A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, disponibilizou o seu avião, que leva a delegação para os jogos, para transportar 2,5 toneladas de alimentos e produtos de necessidade básica às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul.
Além disso, o Verdão destinará às vítimas do desastre ambiental toda a renda líquida do jogo contra o Athletico-PR e da partida entre Palmeiras e Santos pelo Campeonato Brasileiro Feminino.
FORZA VERDÃO!!!
FERNANDO RAZZO GALUPPO 